terça-feira, 16 de março de 2010

A outra verdade do Tarantino



"Bastardos Inglórios" conta a história de um grupo de soldados americanos de origem judaica que são enviados a uma missão suicida pela França ocupada pela Alemanha nazista. A missão deles é assassinar soldados de Hitler da forma mais cruel possível, causando temor.


Com fortes referências à Sérgio Leone em "Três homens em conflito" com relação a questão de planos e montagem e, principalmente, em caráter de ‘timing” das cenas assim como expressões nulas de certos atores (Como na cena em que “Bear Jew” prepara-se para bater com um taco de baseball contra a cabeça de um oficial nazista). Tarantino apresenta uma já conhecida referência à cultura pop. Seus representantes americanos, como o personagem de Brad Pitt e o próprio Bear Jew fazem muitas, como a notável referência a pronuncias (sotaques) de seu idioma. E, como sempre, Taratino dirige bem seus atores. Seria perda de tempo dizer quem está bom, todos estão. Um pequeno destaque para o austríaco Christoph Waltz, o qual conquistou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante merecidamente, no papel do detetive da Gestapo que poderíamos remeter a referencia em Sherlock Holmes - ele inclusive fuma um cachimbo do mesmo modelo.



A trilha musical muitas vezes composta por melodias de rock contemporâneo, de caráter dramático, intensificam as cenas já com muita expressividade (como quando a dona do cinema prepara-se para a grande noite de inauguração, ao som de Iggy pop). Filmes, mesmo como os do Tarantino, criam um pacto com o espectador que se faz logo no primeiro ato. É um pacto de empatia, onde nós compramos a idéia fílmica e já sabemos de certa forma, o que esperar, mesmo que seja totalmente imprevisível. A quebra deste pacto torna o filme indissolúvel. Não podemos confundir “licença poética”, com “licença para resolver de maneira fácil aquilo que não consegui resolver de maneira verossímil.”




Tarantino parece amarrar diversos furos despreocupadamente (lembrando que até o mais louco dos filmes garante um caráter homogêneo, pois o fato de ser heterogêneo faz-se com que se perca a empatia com o espectador).

Em certa cena, a dona do cinema e seu projecionista fazem um pequeno filme para passar junto daquele que dedicarão a grande inauguração, como forma de protesto. Tarantino parece infantilizar o espectador, uma vez que em pouco tempo e com óbvios recursos escassos, eles conseguem concretizar um filme com ótimo resultado áudio e visual.



As referências são segmentadas, não existe uma referência profunda de outros diretores. São alguns planos, alguns cartões, alguns indícios narrativos, mas nada que passe disto, já que com a miscelânea de informações extras de caráter vazio. E em momento de epifania do próprio diretor, assim como sua auto-afirmação, tenha chamado “Bastardos” de sua obra-prima. Na fala final do personagem de Brad Pitt.
Por mais que gere controvérsias, não podemos negar: Tarantino sabe fazer bom cinema. Domina a técnica narrativa como poucos. É capaz de colocar sua marca inclusive nos erros propositais que comete, e de deleitar os cinéfilos com uma qualidade que infelizmente torna-se cada vez mais rara. É difícil dizer qual é o melhor filme dele (para aqueles que já assistiram Pulp Fiction, Cães de Aluguel e Kill Bill), mas posso afirmar que neste ele exercitou seu talento combinado à experiência da sua longa carreira. Porém, mesmo com este tão conhecido terreno cheio de homenagens que são os filmes do Quentin, não podemos confundir “liberdade poética” com “Deus x máquina”.

PS: Para a Próxima, fica a dica, Flores Partidas do não tão conhecido Jim Jarmusch. Espero que vcs assistam o filme até o final, ele pode ser catatônico.

2 comentários:

CB7E RADIOWEB disse...

Estava passeando pelos blogs quando encontrei esse novo blog, também apaixonado por cinema, fotografia e arte de forma geral fiquei preso leitura informativa e a deliciosa forma como escreve um verdadeiro deleite, precisamos de mais blogs com esse nível de qualidade de informação. parabéns pelo execelente trabalho e pela maravilhosa forma como escreve e sucesso, bem vinda ao mundo da informação virtual, so mudaria uma coisa "Hobby" pela forma que escreve nao diria apaixonada mais uma amante incondicional da arte do cinema...P.s vc eh uma gatinha gostei da foto... esse blog precisa ter numero de telefone de contato.

Jay disse...

Meu anjo ! Que blog é esse hein ? que coisa mais linda ! Sou apaixonada por filmes, informações, e isso tem tudo aqui ! Organizadinho, e é tudo o que o carinha disse kk ! diz pra ele que eu tenho seu telefone né uha, olha que coisa :P você é linda, é minha amiga, e não é porque é minha amiga, mais está tudo muito lindo mesmo ! Merece 10! TE AMOOOOO sempre ! <3